mais um
Não gosto de aniversários - dos meus. Eles me lembram coisas que nem sei bem se vivi, e outras que tenho certeza que sim, mas que doeram um bocado.
Há 25 anos atrás, neste dia, dizem que nasci. Documentaram em papel e todos passaram a acreditar (inclusive eu).
Perdi alguns anos, por causa da dependência química, e da anorexia. Foram longos anos fugindo entre cidadezinhas dos medos que existiam em mim. Passei muito tempo escondendo - ou omitindo - quem eu havia sido, mesmo que lembrando vagamente. Tinha medo de ser julgada, discriminada, apontada. Pois, aqueles que estavam 'perto' de mim, a chamada família sanguínea, não me entendeu. Hoje, nem importa.
Sou fruto de todas as coisas que passei e sem elas não estaria fazendo as coisas que estou hoje, nem seria esta Maira.
Ontem, conversando com uma amiga - que tambem teve uma vida turbultenta no passado:
Maira: Quanto anos vc tem Dani?
Daniela: Acabei de fazer 32
Maira: Vc se sente com 32 anos?
Daniela: Não
Maira: Eu tb, nem diria, que vc tem 32 anos!
Daniela: me sinto com 18 e com 40 ao mesmo tempo
Maira: Sim!
Daniela: Talvez isso tenha um lado bom. Quer dizer, apesar da dor de sentir saudade do que eu não vivi
eu me sinto meio livre da obrigação de ter que aparentar ou me ajustar a uma idade, sabe?
Daniela: Na casa em que eu estou hospedada tem uma menina de 11 anos, que virou minha amiga
e com ela, eu sou quase alguém da mesma idade, sabe?
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